(re)partida



Uma coisa é certa na vida, uma coisa da qual ninguém pode escapar, uma coisa que faz com que todos tenhamos algo em comum: todos nós chegaremos num ponto em que iremos experimentar um rompimento de nossas próprias percepções. Em algum momento na vida seremos partidos. Não externamente, não superficialmente, não temporariamente, mas de forma profunda e intensa. Em algum momento seremos feridos.

Não dependendo de nós mesmos, coisas acontecerão, mudanças repentinas e indesejáveis ocorrerão sem que tenhamos o controle sobre elas. Sofreremos perdas irreparáveis. Sentiremos as faltas, as ausências, a impotência de não poder impedir o fluxo da vida, a tristura da insuficiente força em vencer o desalento. Seremos fragmentados em inúmeros pedacinhos. Seremos desconstruídos além da embalagem que nos envolve.

Mas depois, num outro momento, a vida nos dará um golpe de misericórdia. Nos reerguemos, apesar das tristezas. Superamos, talvez não inteiramente, mas de forma a nos deixar caminhar. Seguimos em frente. E nunca mais seremos os mesmos.


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